Travessia Monte Crista x Araçatuba, julho de 2025

Dados da Trilha
Passados cinco anos da tentativa de travessia Araçatuba x Monte Crista, que acabou frustrada e quase terminou mal por causa da chuva intensa que caía naquele dia (leia o perrengue aqui), surgiu a oportunidade de realizar a travessia original no sentido contrário, saindo do Monte Crista em Santa Catarina rumo ao Pico do Araçatuba no Paraná.
Diferente da clássica, que é praticamente uma descida e acumula cerca de 2.500 m de ganho altimétrico, esta versão tem mais subidas e soma mais de 3.500 m D+.
Após meses de organização com logística de transporte, desenho do percurso em GPX, aquisição das permissões de entrada nas quatro propriedades por onde passaríamos, Monte Crista, Pedra do Lagarto e Fazenda Quiriri, Campos do Quiriri e Araçatuba, e criação do grupo no WhatsApp, ficou definido, pelo prestativo Anderson, que iniciaríamos nossa jornada na madrugada de sábado, 26 de julho de 2025.
E assim foi. Ao todo, catorze pessoas embarcaram na van em Curitiba e região rumo a Santa Catarina. Chegamos à base do Monte Crista, a 12 metros de altitude, por volta das 4h30, e começamos a subida às 4h45.

Neste ano, após uma grande chuva, a ponte pênsil do Rio Três Barras foi levada pela correnteza e, pelo que se sabe, não há planos de reconstrução. Começamos a trilha molhando o tênis, logo depois cruzamos o Rio da Crista e finalmente iniciamos a íngreme subida da montanha.
Nos dividimos em alguns grupos. No meu estavam o Pedro, o Luís César, o Douglas Patrocínio e o Marcelo Walzburger, de Blumenau. A trilha, conhecida como Saboneteira, faz jus ao nome, estava muito escorregadia. Ainda bem que, para subir, é mais fácil do que descer. Infelizmente nesse trecho, com cerca de 20 minutos na trilha, a nossa amiga Fatima Ribeiro torceu o pé e sofreu uma lesão. Por “sorte” no início da trilha, com muita dificuldade ela retornou até a van. Melhoras Fati!
Com quase duas horas de subida chegamos à bifurcação, a 900 metros de altitude, que leva ao cume do Crista, que não estava nos nossos planos. O Marcelo Rodrigues nos alcançou e decidiu fazer o cume junto com o Rodrigo Felix, que vinha logo atrás. Seguimos pelo Caminho dos Ambrósios e o dia já amanhecia, revelando uma bela paisagem abaixo, acima das nuvens.



Continuamos subindo rumo aos campos de altitude da região, com média de 1.300 metros. Apesar das chuvas das semanas anteriores, o tempo estava seco e o terreno não tão encharcado como de costume. Passamos ao lado de uma área queimada e avistamos outras à distância. Subimos o Pico do Bradador, com 1.527 metros, e descemos rumo aos Campos do Quiriri, com vistas para a Pedra do Lagarto, com 1.456 metros, e o Morro do Quiriri, com 1.538 metros.

Desta vez não passamos pelo Marco da Divisa. Cruzamos os campos com poucas perdidas. Como o objetivo era ser autossuficiente, todos tinham o GPX carregado nos relógios e também no Wikiloc.
Com 27 quilômetros percorridos cruzamos a fronteira entre Santa Catarina e Paraná, marcada pelo Rio Pirizinho, iniciando a parte mais cansativa da travessia, uma sequência de estradas com subidas e descidas entre árvores de pinus. Nesse trecho também erramos algumas vezes, mas nada grave. O que mais pesou, pelo menos para mim, foi o sol.

Na última travessia tínhamos pego chuva e muito frio, então fui de calça e camiseta térmica de manga longa. Não me queimei, mas o calor era intenso e isso atrapalhava o rendimento. Curiosamente, quando entrava na sombra ou batia um vento mais frio, a corrida fluía melhor.
A realização da Ultra dos Perdidos na semana anterior ajudou bastante (participei nos 25 k). Nas subidas do Morro do Céu e do Cerrinho, passamos por trechos de trilha mais batida, o que facilitou a progressão.
Aproveitamos cada oportunidade de coletar água na trilha e nos rios. Pelas minhas contas, consumi oito litros de água, sete cápsulas de sal, três de potássio e dois sachês de eletrólitos. Ainda assim, as câimbras tentaram aparecer, mas controlando o ritmo e os movimentos deu para sair quase ileso.

À medida que nos aproximávamos do Araçatuba, o ânimo aumentava. Depois de tanto esforço físico, estafa e desidratação, o melhor consolo é saber que logo o sofrimento vai acabar.
Começamos a subida do Inferno Verde e o Marcelo Walzburger disparou na frente. O terreno ali é familiar para todos. O Luís César também abriu um pouco e eu segui com o Pedro. No cume iniciamos a descida juntos, mas ele começou a sentir fortes câimbras. Já próximos do fim da trilha, paramos para recuperação e depois seguimos em ritmo mais leve até finalmente encerrar a travessia.
Fechamos em 12 horas e 46 minutos, totalizando 52,69 km com 3.716 m D+. Fiquei muito satisfeito com o tempo. Em um dia perfeito talvez desse para fechar em menos de onze horas. Quem sabe na próxima.

Pouco a pouco o restante do grupo foi chegando, Marcelo Rodrigues, Titai, Felix e o resto da galera. Por volta das 23h30 todos já estavam de volta e seguimos para Curitiba e nossas casas, merecido descanso. Valeu galera, e até a próxima!
Em breve vou postar um vídeo com alguns momentos da travessia.
TRN Trail Rank: 8,5 (saiba o que é isso)


Muito bom trabalho de persistência e determinação. Parabéns para todos experiência maravilhosa. Continuem. Pra mim, caminhar é muito bom. Corrida é pros fortes.
Obrigado Maria! O importante é a conexão com a natureza, independente da forma, caminhando, correndo, voando rs boas trilhas para você!